terça-feira, 24 de agosto de 2010

bukowski - hollywood

 Charles Bukowski.

Comecei a lê-lo por causa de meu irmão Zua. Foi ele quem me apresentou ao velho safado.

Também me apresentou a Frank Zappa, Astor Piazzolla e Woody Allen, mas hoje vou falar somente de Bukowski.

Tô relendo um livro seu chamado “Hollywood”. Li pela primeira vez em 2003. Sei disso porque sempre anoto na primeira folha do livro a data exata em que o adquiri, dia/mês/ano.
Putz, que nada, é mentira. Fui conferir a data agora e vi que só coloquei “jan/2003”, sem o dia.

Burrão.

Mas quando compro um livro agora ponho o dia também.

Hollywood conta a história de quando Buk escreveu o argumento pro filme “Barfly” (estrelado por Mickey Rourke e Faye Dunaway, dirigido por Barbet Schroeder).
Ainda não vi o filme e não tô nem aí se você vai me achar menos bukowskimaníaco por causa disso.


Como a maioria do seu material, este também é autobiográfico. Bukowski tinha 58 anos quando o escreveu, e uma mulher bem decente ao seu lado, que regulava sua biritagem (pero no mucho) não deixando que ele entornasse os gorós mais pesados que tanto curtia (tipo vodka+7up) mantendo-o nutrido apenas de coisas mais light como vinho e cerva.

Caraca, acabo de ver no YouTube um vídeo de Bukowski em ação, falando e gesticulando sentado num carro, dando um rolê por Hollywood (a cidade). Vivão. Nunca tinha ouvido a voz dele antes. Cacete, fiquei emocionado...

Será que sou um freak se marejo meus olhos ao ver vivo um bêbado fodido que escrevia coisas tão singelas quanto o ato de beber cerveja quente de uma garrafa com uma bituca (ou várias) no fundo? Que escrevia sobre ressacas, putas comuns, putas de 150kg, hotéis baratos, sub-empregos, brigas de rua, brigas domésticas, patrões sanguinários, garotas lindas que perfuram a própria face com um alfinete de fralda...

É, acho que sou freak sim. Aliás, alguém aí me lembre mais tarde de fazer uma tattoo em homenagem ao nosso tão caro Charles Bukowski. Já pensei há um tempo atrás em tatuar um perfil seu que é capa de uma edição do livro de poesias “O Amor é um Cão dos Diabos”. Mas talvez tatuar uma frase ou parágrafo dele também seja uma boa idéia. A propósito, nada de roubar minha idéia, ok pequenos mordefocas?

Ah, Hollywood... já ia passando batido. Acho agora que é o melhor do velhote. Não é hardcore como o material antigo “da pesada”, como ele mesmo dizia. Mas ainda assim é foda, profundamente simples e realista, ainda razoavelmente encharcado em álcool e com certeza na contramão.

E traz a presença (disfarçada, com nomes que são fictícios mas suficientemente próximos dos reais para identificá-los) de algumas celebridades excêntricas que Buk trombou durante o processo de escrever o argumento e realizar o filme tais como Sean Penn e Madonna (casados à época), Jean-Luc Godard, Jack Kerouac, Allen Ginsberg, entre outros.

Mas sou suspeito pra falar, porque pra mim tudo que ele escreveu é ouro.

Recomendo a leitura também de “Cartas na Rua” (onde conta sua experiência como funcionário do Correio dos EUA), “Mulheres” (que algum f.d.p me roubou), “Fabulário Geral do Delírio Cotidiano” partes 1 e 2, “Misto Quente” (sua infância e adolescência, até deixar a casa dos pais), passando pelo triste e imperdível “O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio” (já na fase final de sua vida, doente e se debatendo ao ter de escrever num computador e não mais numa máquina).

É isso aí crianças…

Ah, vale dizer também que talvez não haveria Bukowski se não houvesse um senhor chamado John Fante. Leia “Pergunte ao Pó” e confira, também é classe A!!

Bukowski, we salute you!!

4 comentários:

  1. Peri, não sei se foi o fato de ser o primeiro livro do Buk que eu li, mas ainda tenho como predileto o Misto Quente, adoro suas histórias de infância e adolescência...é muito divertido vê-lo apaixonado pela enfermeira que cuidava de suas horrorosas espinhas!!!
    Mas hollywood, está entre um dos que eu ainda não li, tomara que seja mesmo um dos melhores, aliás que livro dele não é baum neh!
    Ele deve estar pensando como somos babacas de ficar falando o quanto adoramos ele e seus livros!
    mas foda-se!ele vai gostar de saber que não nos importamos com o que os outros pensam!
    Obrigada por me apresentar ao Buk, Valeu!!!!!!!
    Leila.

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  2. peri foi o cara que me apresentou Bukowski e hj sou fã, dos dois inclusive, pq este sr. pericles sempre tem uma boa nova para oferecer. em uma semana ele me apresentou janelle monáe e lyykke li.
    valeu pericles. e que venham novos posts.
    Lilian Penteado

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  3. opa. me esqueci. já sei a tatuagem perfeita, um desenho que ele mesmo fez com a frase "these words keep from total madness", algo assim. aliás, esta costuma ser a página de fundo do twitter da leila @leilamemento832.
    Lilian Penteado

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  4. mandou bem no texto. eu tb tive um começo traumático com o Buko.
    depois acabei relendo e fazendo uma versão pro Hollywood, porque o texto do Marco Santarita é seco, versão lpm de bolso, e colei aqui:
    http://www.scribd.com/doc/37797985/Buko-Roliudi
    abs

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